O senhor Luís dá camisa para guardar os poetas escrevem sem tecer partiremos Ilha Branca a segredar a baleia é ilhéu sem omitir a hortelã que de um jacto se arranca o périplo cumpre-se à partida não vá Hipólito entristecer
Onde foram vistas as jóias a guardar o alto do colosso? Onde repousa agora o olhar pedra negra esclarecida dos rosais ao topo se alarga a corda naval a um passado os barcos adormecidos na amurada desfalcado hoje sem negócio um desenho teu ali guardado.
Nos degraus de um moinho de Santa Cruz, eis o poema de Ruy Belo à flor da pele, sobre igrejas, ruínas, postais decrépitos, uma rapariga à janela num único esgar todo um mundo que aparece e desaparece, a Primavera tímida nada esclarecida, tingida pela coloração possível dos pássaros.
A língua confundida é de uma graciosidade tamanha perdido nome escrito a ocidente em azul quebra ao longe o horizonte um peixe prateado se agita traz o rumor de outras tantas viagens promessas de amoras bravas no verão e o que seria da ilha e do mar se a água transbordasse?
Trazes contigo a locomotiva
douta melancolia a resistir
às virtudes do vento e do azul
algumas linhas no céu plangente
cartas escritas sem destinatário
silenciosos dias amortalhados
de tudo o que não se é capaz de dizer.
Como à noite o olhar da sereia rebuscada figura, esfinge, salta em filigranas na memória o frio dóri lá no norte tesos antepassados com glória pele salina corre o brio tempo escravo desafio contar horas privações visão mágica de menino expressa na imensa branquidão no tingir de um peixe pelo céu...
O taxista revela em canada, travejes, antigos abrigos, longos currais, lajes de lava com sulcos de rodas, desígnio de talhadas relheiras, segredo maior de um colosso, adegas, poças de maré, bagacinas, solarengas ermidas abandonadas, arco sem nuvens ali desenhado, o chão de rola pipas impressiona, dá tom e piso ao rubro afastamento, delicado júbilo na véspera de domingo.
Impossível escrever poemas com montanhas Aprender a guardar lâminas de neve no inverno Junto da bigorna engendrar poleame, mastros, velas ao alto, enfim, escunas como se de um grande navio se tratasse